×
Edite sua assinatura

Para identificação automática em seus posts, use a assinatura do perfil. Para isso vá em Seu Perfil (menu de usuário, a direita no portal) e depois em Editar e Atualizar Perfil. Ali, na guia "Informações de Contato", ao final, há um campo de assinatura. Crie a sua e mantenha ela sempre atualizada!

Se você for um súdito da coroa, use o seguinte formato:

SEU NOME COMPLETO
Súdito da Coroa Italiana.

** Para personalizar sua assinatura, dispomos de um rápido tutorial em "Ajuda" >> "Tutorial Ilustrado", no menu principal do Portal.

Escritos e Manuscritos

  • cesare (cesare)
  • Avatar de cesare (cesare) Autor do Tópico
  • Visitante
  • Visitante
19 Fev 2017 17:06 - 19 Fev 2017 17:11 #34840 por cesare (cesare)
Escritos e Manuscritos foi criado por cesare (cesare)
Deixo para apreciação dos que gostam, amam ou se irritam.

Não é meu, pertence a um jovem famoso de Belo Horizonte.


Adão, o primeiro, a criação. Curiosa e ironicamente meu nome de registro e batismo. Por duas vezes esse nome se inclinou no curso da história humana como precursor. Primeiro com nosso querido e estimado personagem bíblico e ,agora, o meu nome, o único homem que se lembra do início da era do verdadeiro antropoceno.
O amigo leitor deve se perguntar o que estou tentando dizer, afinal já não existe mais memória sobre aqueles tempos, exceto em minha cabeça e agora neste registro que pretendo deixar, pra ser lido por toda a humanidade, sobre o tempo de Deus. É meus argutos comparsas humanos ateístas, ele existe, ou existiu, já que não preenchi seu formulário requerido em seu tempo, quando numa tarde de abril ele reuniu seus fiéis e deixou o comando do mundo nas mãos de Lúcifer. Mais uma vez arguto amigo, ele também existe, e ainda existe, mas em sua incompetência sublime, foi destituído de seu cargo por nós, seres humanos, os deuses do antropoceno.
Apesar de já ter ocorrido há tantos anos, me lembro com absoluta perfeição dos acontecimentos anteriores ao expurgo espiritual. Era um jovem adulto, cheio de coragem e pouca habilidade moral, atributos que me concederam o fardo de regente maior de nosso famigerado antropoceno.
Eu fui Adão, o garoto desmedido de uma família de religiosos de boa índole. Adão, o amigo dos monges curandeiros de almas. Adão, o amor das puras e castas meninas de Constantinopla. É já fui tantos e sempre tão longe da bondade que me cercava, apesar de me fascinar e de me atiçar para me tornar um bom homem, mas, como se fosse desde o princípio, predestinado a iniciar o reinado da divindade humana, sempre falhei na tentativa de me tornar bom. O pensamento malicioso sempre foi preponderante e, no domínio de minha consciência mostrava-se cada vez mais definitivo.
E aqui estou eu, preparando essa narração escrita para que a humanidade conheça mais sobre algo que apenas eu me recordo, um erro meu no início do antropoceno que será elucidado no decorrer desta trama real. Logo, fiquem com ela.
Adão Villemond
Last edit: 19 Fev 2017 17:11 by cesare (cesare).

Por favor Entrar ou Registrar para participar da conversa.

  • cesare (cesare)
  • Avatar de cesare (cesare) Autor do Tópico
  • Visitante
  • Visitante
20 Fev 2017 00:15 #34856 por cesare (cesare)
Respondido por cesare (cesare) no tópico Escritos e Manuscritos
Vamos apimentar.


Livro I : Expurgo
Capítulo I – Café com sabor de morte

Era meu aniversário aquela noite. Família reunida em volta da mesa recheada de quitutes em que minha mãe era reconhecidamente primorosa em fazê-los. De origem humilde, criada por uma família católica rígida em uma cidade com ares de vilarejo, minha mãe era uma mulher esplêndida. Era gorda, o que dava uma sensação de conforto ao estar de contato a seus abraços apertados e carinhosos. Branca de chegar a ser rosa ao tomar o sol da tarde enquanto lavava nossas roupas (minha, de meu pai e meus quatro irmãos). Era de uma bondade única, chegava a ser chata de tanta bondade e compreensão. Não tinha muito conhecimento, foi criada para achar um homem digno e ser uma Amélia para este. E dentro desta pretensão dona Madá,minha mãe, foi muito bem sucedida. Encontrou-se com um certo Israel Villemond, um jovem homem da capital,rico,pois era herdeiro de uma conta gorda de uma família que não era nobre no sentido de realeza,mas nobre por educação e inteligência. Israel, meu pai, era filho de um senhor dono de uma rede hoteleira muito bem sucedida, o que fez com que meu pai fosse um jovem excêntrico em busca única e exclusiva por um grande amor. E o achou atrás de um muro baixo de uma cidade interiorana: Madalena,ou dona Madá,como preferir. Casaram, herdaram dois hotéis para administrar e logo o venderam porque não tinham habilidade para administrá-los. Então montaram um supermercado na capital e não é que foram bem sucedidos? Fui o terceiro filho de meus pais. Exatamente o do meio, sem os benefícios da defesa concedidos aos caçulas e também sem o benefício da responsabilidade concedido aos mais velhos. Um legítimo zero a esquerda dentro de casa. Disseram-me por diversas vezes que esse suposto trauma foi o responsável por ter me tornado um legítimo crápula, mas é pura balela isto, psicologia de quinta, sempre fui de natureza ruim, um erro divino colocado dentro de um lar amável. Antigamente isso era bem comum nas famílias, Deus adorava fazê-lo, creio que se divertia com isso.
Voltemos ao meu aniversário sem muito detalhamento. Era uma típica festa de um lar regido pela consciência da plenitude divina, cheia de abraços e felicitações, de comida boa, café quentinho, coado na hora e refrigerantes cancerígenas. Mas eu não merecia aquilo. Havia acabado de realizar um assalto ao caixa do supermercado de minha família. E pra que? Pelo simples fato de ver meu pai sair da linha, perder sua típica paciência e explodir e vociferar verbetes inapropriados para seus funcionários inocentes. Não era pelo dinheiro, recebia uma gorda mesada para satisfazer minhas necessidades mundanas por debaixo dos panos. A festa acabou cedo, como de costume em minha casa e pra não passar o dia frustrado por ter realizado apenas uma atitude transgressora aos mandamentos, fui para as ruas.
Na rua encontrei com um colega de classe dos tempos de colegiado cujo nome era David. Sempre nos perguntaram se éramos irmãos pela nossa aparência. De fato éramos parecidos, ambos brancos, de baixa estatura, cabelos lisos e nariz pontiagudo. A diferença estava mais ligada ao fato de sermos opostos. Eu, um transgressor, ele, um nobre filho de Deus que assistia aos cultos de sábado a sábado. Mas neste dia, até nossa roupa estava parecida, ele voltava de um culto, de camisa social e calça de linho nas mesmas cores que as que eu usava. Cumprimentamos-nos e seguimos cada qual o seu próprio caminho.
Algumas quadras a frente encontrei Abel, o líder de uma gangue que aterrorizava os jovens do bairro. Um típico babaca, alto e moreno que se gabava da rigidez de seu braço esquerdo, malhado a base de pesos e excessivas masturbações já que nunca foi visto com uma mulher que não fosse paga para estar com ele. Tirei um soco inglês de meu bolso e parti com ele cerrado em minhas mãos contra a face daquele estúpido. Arranquei boa parte do sangue que corria em sua face com uma seqüência de golpes que me faziam gargalhar de prazer. Saí em disparada logo após o ataque, pois sua gangue de anencéfalos percebeu o ataque e vieram ao meu encalço. Mas ali era meu reino, minha casa de toda a vida, conhecia cada atalho, cada pedaço daquele lugar. Então rapidamente deixei-os pra trás.
Passado um bom tempo, retornei pelo mesmo caminho que fiz para voltar à minha casa e dormir lembrando a cena grotesca, porém deliciosa que foi arrebentar a cara daquele neandertal. Mas me deparei com uma cena muito fora do planejado. Em frente a uma burgueria, estirado ao chão e ensangüentado, sem sinais vitais estava David. Ao lado a gangue de Abel sendo guiada a pontapés pelos policiais até seu camburão. Fiquei escondido do outro lado da rua pra não ser visto. Logo que os meliantes foram conduzidos até não sei onde, nunca mais estes foram vistos, me aproximei e perguntei ao garçom da burgueria:
_O que aconteceu aqui?
_Uma tragédia! Aquela gangue imunda veio correndo, babando palavrões e dizendo que ia matar este jovem! Bateram com socos, pontapés e golpes com nossas próprias cadeiras! Uma barbárie!
_ Mas porque o fizeram?_ Perguntei com receio que o garçom soubesse do real motivo desta execução
_Porque são monstros, só isso. Esse menino vinha aqui todos os dias após seus cultos. Um santo daqueles que desejamos como futuros genros. Não havia motivos, simplesmente o fizeram! Todo dia o mesmo pedido, um café a moda da casa e um sanduíche de hambúrguer de frango! Que lástima!_ finalizou o garçom caindo em lágrimas
Apesar do ar fúnebre e da comoção geral eu estava aliviado. Claro, era lógico pra mim que aquilo se tratava de um acerto de contas. Era a mim que eles buscavam, e David pagou com a própria passagem de vida pra morte por sua semelhança comigo. Pobre coitado, que infelicidade se parecer comigo! Era um bom garoto, sempre disposto a ajudar a todos! E até em sua morte ele ajudou. Protegeu-me daqueles vermes, continuei ileso. E por esse ato, expus minha gratidão, acompanhando seu velório, tão cheio de negrume e lágrimas que irrigavam a face dos que se despediam. E eu agradecia, teria mais tempo pra praticar minhas vontades que tanto me satisfaziam.
Mas não passei ileso desta morte, a partir deste dia criei um modus operandi. Todo ser de bondade que morria e eu via,deixava em mim, intrínseco no meu DNA, alguma mania particular. Uma repetição genérica para agradecer a minha manutenção vital. A partir deste dia, meu aniversário, comecei a beber café todos os dias. Um café com sabor de morte.

Por favor Entrar ou Registrar para participar da conversa.

  • cesare (cesare)
  • Avatar de cesare (cesare) Autor do Tópico
  • Visitante
  • Visitante
22 Fev 2017 11:54 #34886 por cesare (cesare)
Respondido por cesare (cesare) no tópico Escritos e Manuscritos
Capítulo II – Dardos embalados por quatro


Isaac era um professor de literatura que morava ao lado de minha casa,meu vizinho. Baixo e barbudo, era daqueles professores caricatos de quem todos gostam. E não por menos, era amigável, divertido, beberrão e sabia mais de literatura, música e cinema que qualquer outro que tenha conhecido. E por isso nos tornamos bons amigos, nunca neguei que cultura é a única virtude que preservo.
Costumávamos nos reunir as sextas feiras à noite num bar de esquina lúgubre. Sempre muito elucidado, tecia suas críticas com muito embasamento e vocabulário robusto. Era um aficionado pelo rock britânico, um legítimo cavaleiro da rainha como eu também o era. Daí a escolha deste bar de esquina, era intimista e perfeito para os intelectuais e pseudo intelectuais. Havia poesia nas paredes e sempre um vídeo de algum artista inglês embalando as bebedeiras noturnas.
Mas ao mesmo tempo que Isaac era um gênio também era um ignorante. Adorava um Deus que sua inteligência superior deveria abominar a existência( assim pensava antes de descobrir que ele de fato existe ou existiu). E como sua dubiedade era interessante, rezava a este,mas não era doutrinado por qualquer religião,estava ali um agnóstico, uma espécie que eu nunca compreendi. Acho que ou se é ou não é,simples!E sendo ele tão inteligente, como nunca percebeu que eu era um malfeitor? Como não percebia que eu, antes de chegar aos nossos encontros filosóficos havia acabado de praticar alguma espécie de barbárie para alimentar minha sede? Talvez também eu o superestimasse,ou não, o que importa também? Voltemos ao que interessa.
Encontrei-me com Isaac no mesmo horário de sempre,havia acabado de comprar um exemplar de um autor austríaco que muito havia me chamado a atenção pela sinopse. Claro que iria conversar com Isaac sobre,ele era uma espécie de oráculo da literatura, não a esmo dava aulas do tema em colégios particulares.
_ Bom e velho Isaac! Como está meu amigo?
_ Melhor que ontem, pior que amanhã caríssimo primogênito de Deus!_ respondeu_ E vossa senhoria,como tem passado?
_Extremamente satisfeito!_ eu disse verdadeiramente,pois havia acabado de espancar alguns mendicantes que dormiam abaixo de um grande viaduto.
_Esplêndido! Muito me apraz ver que estais bem,jovem etílico. Mas larguemos estas frivolidades e vamos ao que interessa verdadeiramente! Quando me sento junto a esta nobre cadeira de canto,assumo a posição de um nobre filosofo grego de tempos atrás,com destaque para a abertura mental à modernidade tecnológica. O que queria me mostrar?
Abri a mochila que eu carregava,que curiosamente estava suja de sangue de um dos mendigos (fato que chamou a atenção de Isaac posteriormente), retirei o exemplar que havia adquirido e o mostrei ao sábio barbado.
_Harold Linka! Definitivamente fundamental a leitura deste nobre escritor a qualquer ser que se julgue no mínimo perspicaz! Um belo exemplar!
_Então o que tem a dizer mais tecnicamente colega esfuziante?_ perguntei aos risos
_Autor moderno, atingiu a maturidade em seu quarto livro,este que estás em suas mãos é seu sexto. Não se expõe com sensacionalismo e suspense, deturpador! Sim, um bom termo pra leitura de Linka, uma leitura deturpadora! Daquelas que dão um nó em seu sistema digestivo e propõe à sua intelligentsia uma nova ótica sobre o futuro tal qual Huxley ou Orwell. Um deleite pra inteligência e um martírio pra alma, se é que me entende.
_Bem, me agrada a idéia de ler algo do gênero. Já leu esta obra?
_ Mas é óbvio mestre Vila do mundo!_ ele amava me chamar assim,um trocadilho de meu nome,uma brincadeira sem graça,mas inofensiva_ “Perversão e Magia”! Uma leitura realmente próxima de seu título,perversa e mágica. A história de um homem que se torna um Deus após cometer todo o tipo de atrocidades. Uma contradição de valores, onde o ser mais sujo e mundano sai vencedor numa batalha de deuses. Você vai gostar pelo que lhe conheço.
_Sim, a história muito me agradou. Farei essa leitura amanhã e assim que terminar discutiremos em torno dele e de Linka.
_ Com a mais afável das certezas._Disse antes de ver uma novidade no bar_Mas veja só se não é um joguinho de dardos! Quando criança era meu brinquedo predileto, até hoje conservo um em minha residência. Brinco sempre que posso. Aceita uma partida?
Como bom amigo que era,apesar de que jamais havia jogado dardos, aceitei. O que não devia ter feito se me importasse com derrotas em jogos. Não esbocei nenhuma reação dentro daquele jogo em que ele ditava as regras. Há tempos não vejo uma expressão de felicidade como aquela que Isaac me presenteava. Eu até pensava em ser como ele,livre de maldades, mas somente naquele momento em que conhecia,além de minha casa, alguém que estava plenamente feliz em sua bondade sonora e infantil.
Voltamos a nossa mesa para tomar mais uns drinques e conversar sobre o cinema francês. Estava acontecendo uma mostra na cidade do cinema francês.Peguei mais uma vez a mochila ensangüentada para retirar um folheto explicativo da tal mostra, ato o qual foi abordado por Isaac. Com um olhar desconfiado ele me indagou:
_Muito me deixa curioso certos detalhes,como bem sabe amigo Adam! Que sangue é este em sua mochila? Estais ferido?
Não sabia o que dizer,estava frente a um observador meticuloso,exímio mestre na arte de ler expressões que demonstrem mentiras ou verdades. Mas já havia hesitado por alguns segundos,é certo que ele notara e daria a minha história como mentira.
_ É de um cachorro que encontrei ao sair de casa, havia acabado de ser atropelado_ Menti com convicção e segui_ Havia uma mulher histérica querendo que alguém o tirasse da rua pra quem sabe ele ter alguma chance de vida. Uma pena! Resgatei a pobre criatura da rua,mas era tarde demais, já não havia mais o que fazer,morreu logo após.
_ Você tentando salvar um cão?_ indagou ele,desconfiado naquele olhar inquisitório de franzir a testa já que sabia que eu não tinha afeição por nenhum tipo de animal_ Mas hoje o dia está cheio de surpresas! Boas e ruins, ruins e boas!Não lhe contei ainda. Não é que vindo pela rua ,achei-me debaixo de um viaduto. Haviam alguns mendicantes que foram atacados por um jovem enfurecido por absolutamente nada! Mas foram espancados,sem chance de reação!
Senti um calafrio correr pela espinha. Será que Isaac havia me descoberto? Meu segredo teria sido revelado? Então ele continuou:
_ Por sorte lá eu passei! A providência divina me colocou naquele lugar! Chamei os paramédicos e aqueles pobres tiveram atendimento digno e uma noite bem dormida depois de boa alimentação. Até que a agressão não foi de todo ruim.
Senti um pouco de nojo quando ele me disse, meu ato conquistou benfeitoria àqueles homens! Não era o meu plano,mas tinha de me conter,fingir felicidade, não sabia se estava sendo testado.
_ Que bom que você passou por lá então meu amigo!_ eu disse_ Um pouco de dignidade aos coitados.
_ Sim.Mas me espanta que alguém seja capaz disso. Maltratar um outro ser a esmo. Uma pena existir gente assim. Mas tudo bem,existem pessoas como você que ajudam o próximo,sendo ele um animal,mesmo quando não seja afeiçoado a tal.
Pela sua fisionomia não havia nenhuma mentira.Eu estava livre de qualquer suspeita e ainda saí de uma mentira como herói! Ele havia acreditado em mim, ele acreditava em minha bondade, o que me causava um desconforto,pois eu não era bom,eu era malévolo,mas era bom ser visto como um ser divino.Uma sensação muito estranha eu diria. A noite adentrou pesada e a bebida descia suavemente em goles longos.Até que Isaac coçou sua vasta barba,olhou pro relógio e disse:
_Três e meia! Obrigado pela partida de dardos jovem pupilo!Há muito não me divertia com tamanha intensidade!Bebidas,literatura,boa música e um jogo de dardos!_soltou uma risada acompanhada de um suspiro_ Bem, está na hora de ir meu bom amigo,foi um imenso prazer dialogar com vossa senhoria.Leia o livro vai gostar!
_Pode deixar Isaac .Fá-lo-ei assim que chegar em casa._E de fato o fiz.Interessante como esse livro não teve a menor importância pra mim. Apenas o li e joguei na biblioteca de minha casa,na última prateleira,fadado ao esquecimento. Mas um dia ele retornou,mas isso será contado mais adiante. Vamos à despedida de Isaac.
Nos cumprimentamos com um toque de mãos e ele se foi pela calçada e ao atravessar a rua para a outra calçada, em frente a um famoso brechó que Isaac costumava freqüentar , o inusitado irônico aconteceu. A placa de aço luminosa,velha e defeituosa se desprendeu da parede e atingiu em cheio a sua cabeça. Trezentos quilogramas de aço na parte do corpo que mais usou. Trágico, mas inevitável. Mais um velório,menos carregado que o de David, mas uma perda muito maior para o mundo,um gênio ia se encontrar do outro lado da fronteira com o Deus que ele acreditava,apesar de não ser maçante nessa sua crença.Em vez de jovens protestantes, se encontrava neste velório professores,alunos intelectualizados, músicos. Se não fosse um velório, seria uma excelente festa,regada a bebidas exóticas e fumos de qualidade,onde qualquer assunto tratado seria um evento.Mas, era um velório, e por mais que em alguns velórios eu tenha ficado animado, este não era um deles. Se eu fosse capaz de sentir dor,hoje eu sentiria dor por esta perda. Se bem que sinto dor, e esta eu sinto, as vezes me confundo nas escrita. Não tenho este hábito e peço desculpas ao caro leitor pra não se importar com esses erros.
Assim perdi um dos poucos amigos que adquiri nesta minha existência que não pode mais ser chamada de vida.Era um bom homem o Isaac,uma mente brilhante e me deixou mais uma mania: jogar dardos no bar ao som dos quatro Beatles.

Por favor Entrar ou Registrar para participar da conversa.