AAH - Clube de Debate Político

O texto do Oscar é uma boa resposta direta, mas peca no mesmo ponto que o texto do "neomicronacionalismo" quando para de analisar os próprios pressupostos que segue.

Temos observado nos últimos, eu acho, dois anos que a recente leva de micronacionalistas que chegou de alguma forma ao hobby não se adaptou nas estruturas tradicionais. Até por isso praticamente toda a lusofonia está em fórum ou plataformas de redes sociais. Os que ficaram se adaptaram e tem buscado ainda solidificar suas estruturas, mas com muita dificuldade. Boa parte do pessoal que bancou essa declaração de neomicronacionalismo não ficou no hobby ou se enquadrou no modelo hegemônico.

No fim, pra mim, é uma discussão ultrapassada. O momento é de refletir o que a lusofonia pode fazer para reativar uma variada atividade política e social. Na competição com tantas fontes de entretenimento na internet o micronacionalismo tem perdido. Mesmo os que tem ficado tem tido dificuldade pra encontrar neste hobby o prazer e a vida de outrora.

Gostei do texto mas concordo com o Marlon, inclusive achei poderia ser mais "enxuto" talvez... Mas o formato me lembrou o pessoal da era dos e-mails que tinham muita preocupação com a estética do texto e sua construção.

Me cansa, um pouco, não, na verdade me cansa muito, este jogo de "palavras novas" onde criam uma palavra só para "se destacar" mas a palavra tem o mesmo significado que a que pretende superar. Vira um "sofisma" bastante superficial, enfadonho e chato. Sem que falar que você acaba perdendo tempo, vê um "nome novo" envolvido em "algo novo" e é mais do mesmo, e no caso, piorado já que nem serviu para que os próprios defensores do termo fizessem algo de produtivo sobre a nova bandeira...

Hoje de manhã coloquei a questão de forma breve no Whatsapp e queria traze-la para o fórum de forma mais desenvolvida.

Um problema que temos encontrado na política italiana há muitos anos é de adjetivos. Se tem um fórum onde eu não preciso explicar isso é o italiano, onde quase todo mundo está envolvido com este projeto nacional tem em sua vida macro algum envolvimento direto com educação.
Quando cheguei no reino, lá pelos idos de 2009, eu acho, de cara me envolvi com o "partido de esquerda" por aqui, o PSI. De cara estranhava a aplicação de ideias sociais-democratas num mundo onde não havia capital. Quando assumi a direção do partido, depois da implosão de uma família de paples, ou não paples (episódio esquisito), tentei teorizar sobre o que seria socialdemocracia no micronacionalismo. Já em 2013, depois de deixar a participação no PCI pra que o Senado funcionasse com um Senador Aristocrático, meio que me caiu a ficha de que um dos nossos problemas era de adjetivos. Realmente, o que significam ou significavam os adjetivos que colocamos nos partidos?

Vou usar o PNPI, partido mais antigo, pra demonstrar o ponto:

Nacionalista do Povo = Nacionalismo italiano contraposto a que? Ao liberalismo dos democratas livres? Da socialdemocracia os sociais-democratas? PNPI e PDL sempre foram tão próximos que eu vivia alfinetando o pessoal sobre isso.
E que povo? Como nós definimos esta categoria no Reino?
Não sei se ficou claro. Que identificação, que posição do espectro direita-esquerda isso representa? Faz sentido pensar em direita e esquerda onde todos na legislatura são leais ao Rei?

Me parece que no modelo que seguimos no Reino da Itália os adjetivos que deveríamos usar são outros, porque o que realmente pode despertar debates e diferentes formas de governas são coisas muito peculiares nossas como: Onde o Poder Executivo deve residir? No Rei ou num Gabinete de Ministros? Qual a extensão do poder senatorial nesse processo? Ainda cabe a existência de uma instituição como o Senado? Nossos requisitos pra cidadania são fortes ou frouxos? A Itália deveria caminhar nas Relações Exteriores sempre vinculada aos tratados e acordos com outras Nações Peregrinas? A Itália deveria tentar projetar hard power na lusofonia ou se manter sempre como ponto de equilíbrio? Nosso modelo financeiro deve manter nossa moeda forte ou devemos seguir a tendência na lusofonia e enfraquecer a moeda pra estimular a circulação dela?

Vejam, são problemas que pouco ou quase nada dizem respeito a nacionalismo, stricto dictu, ou liberalismo, ou socialdemocracia, ou popular. Se há o desejo de restituir uma vida político-partidária no Reino da Itália, tanto o PNPI e o que quer que venha terão de se reinventar de verdade pra que a mudança sobreviva a uma legislatura.

Eu acredito que, talvez tenhamos que pensar em ressignificar e até inventar novos adjetivos dentro da nossa realidade, ou seja, deste nosso mundo micro.
Por exemplo, a social democracia, corrente política que eu abraço na vida macro de fato também vejo, por hora, dificuldade de aplicar seus conceitos e teorias por aqui.
Em suma, pensar e repensar significados que façam sentido a esse mundo, nomes novos, conceitos novos, teorias novas e por aí em diante.


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