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Arco & Íris
- Líryan Umbria (liryan)
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Há alguns dias o atleta e medalhista olímpico Diego Hipólito assumiu publicamente sua homossexualidade, ao ler o depoimento dele e depois um outro depoimento de mesmo teor, me lembrei da minha própria história. E ao ler alguns comentários, praticamente todos cruéis, ou em tons jocosos sobre a postura de Hipólito resolvi escrever um pouco sobre isso.
Nascemos e crescemos em uma cultura tóxica e cruel, validada pelo pensamento religioso e norteada por uma mora, também cultural e religiosa, que se estrutura em interesses de “colonização e domínio”. Nas atrocidades humanas é muito difícil aliviar para as religiões... Quando somos crianças somos condicionadas e forçadas e sermos pessoas cis e héteros, é a ideologia de gênero base de nossa cultura que segue a linha da cultura do estupro, da masculinidade tóxica e do machismo, que afeta e destrói homens e mulheres.
Esta ideologia de gênero disfarçada de “normalidade”, que nos força a sermos só “cis e héteros” começa as aspirações sobre os filhos, as projeções dos “compadres” que se apaixonarão e se casarão. E isso, antes do útero! No útero ela continua, a suposição de uma sexualidade masculina gera o menino com quarto azul, a suposição de uma sexualidade feminina gera a menina, no seu quarto rosa. E isso continua.
Quando uma criança, qualquer criança “destoa” deste padrão imposto, e passa a ter comportamentos “questionáveis” começam as atrocidades: o menino tem que falar como homem, a menina é bruta demais para mulher... Neste ponto se está indo muito além do que a criança sabe de si e começa a imposição de um padrão cruel, violento e de profunda barbárie. O tempo todo a criança passa a lidar com comentários, é ridicularizada por professores, por tias, por tios, pelos pais. O padre fala que é pecadora, e mulher da catequese afirma que é “do demônio”, a estrutura de validação da violência que sofremos vai se desenrolando. É imposto a noção de que é vergonhoso ser gay, é absurdo ser lésbica... Abusos psicológicos, emocionais e físicos vão se somando e ninguém se sente culpado pois, a religião embasa e valida o horror, a cultura social, também.
Piadas fóbicas, abusos físicos, vão se tornando cada vez mais severos na adolescência, as famílias focam em frases como “antes um filho morto que gay”, “homossexualidade é coisa do diabo”, “tem que arrumar um homem para esta menina virar mulher”, “cuidado com este menino!”, “se tiver alguém assim nesta família é melhor matar”... Dia após dia estas frases nos são repetidas, dia após dia violência escolar, anulação, invalidação, padre falando, pastor pregando... E muitas vezes, nem mesmo o jovem está certo de si, se é, se deixou de ser, muitas vezes nem ficou com ninguém, mas passa o horror de precoce inserção no mundo da sexualidade que existe nesta cultura: onde a menina de onze anos é cobrada por já estar olhando para os “namoradinhos”, onde o menino de onze já tem que ter “namoradinhas”. E é esta, a ideologia de gênero cis hétero, que aceita e incentiva a pedofilia. A aceita e abraça, na igreja, nos lares, nas famílias.
Tudo isso vai continuando numa cultura que discrimina, que nega emprego, que exclui socialmente, que foça pessoas trans a saírem das escolas por tamanha violência que sofrem o tempo todo! E ai, quando a pessoa gasta vinte, trinta anos para “se assumir” a crueldade se mantém nas piadas e comentários: “mas todo mundo já sabia!”, “nossa, só ele que não sabia né?”, “ah, então agora é mesmo...”. O ciclo começa a se fechar: a cultura oprime, violentamente, a expressão individual. A condiciona, a anula, a sufoca, a espanca... Quando ela começa a conseguir um progresso, tira sua independência, possibilidade de trabalho, corta as relações sociais, exclui... E quando ela finalmente vence, e se posiciona, é cobrada por não ter feito antes. A covardia se revela, a cultura se apresenta, e aquela pessoa passa a ter que lidar, também, com isso.
Não critiquem pessoas LGBT´s, não critiquem crianças por suas óticas pessoais, não critique a nós mulheres, não julguem os tempos das pessoas, não continuem este horror cotidiano. Nem critiquem as pessoas pelas formas de seus corpos, pela maneira que falam, que agem, que se movimentam, pelas cores que usam. Não façam "brincadeiras", nem "piadas", pois é cruel.
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- Líryan Umbria (liryan)
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Dito isso, há um yuotuber que produziu um vídeo sobre masculinidade tóxica que vou apresentar aqui. Claro que o vídeo possui pontas soltas, falta domínio do youtuber sobre alguns temas que ele pretende abordar, como uma melhor explicação sobre a questão a construção do gênero masculino humano em contrapartida para a educação tóxica da masculinidade bestial, ou seja, o fato de culturalmente educarmos homens para serem machos bestiais e não homens humanos. Então há falhas no vídeo! E também apresento apenas o vídeo e não o youtuber que o realiza, não conheço o trabalho deste youtuber, vi apenas este vídeo dele e que, apesar de falhas traz uma abordagem atual com bons elementos sobre a masculinidade tóxica e elementos sociais que continuam.
Sinceramente é um assunto que penso, todos os homens precisam estar preocupados com ele no mundo de hoje. Então, segue o vídeo.
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- S.A. Augusto Aldobrandeshi (Veruna2009)
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O mais curioso que como nos últimos anos tivemos uma avanço progressistas no direitos civis o preconceituoso em geral disfarça seu preconceito em brincadeiras e indiretas, e ignoram os impactos que tais atitudes causam em suas vitimas.
Caímos no grande problema dos nossos dias as pessoas estão incapazes de se colocar no lugar do outro, falta de empatia é a doença de nossos tempos.
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- Líryan Umbria (liryan)
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Nossa educação é um horror absoluto! A culpa desta estrutura é sim do pensamento religioso, da moral religiosa, de como as igrejas e instituições religiosas se posicionam. A culpa é de como a sociedade conduz a sua cultura, assim a culpa passa a ser de cada indivíduo que não critica e estabelece um movimento contrário ou um discurso contrário. A culpa é da política, de como conduzem a educação, das estruturas de ensino... É uma culpa geral, sócio-cultural e absolutamente tudo que envolver a cultura dominante e de educação dominante será culpada.
As pessoas são incapazes também de se perceberem, através da moral religiosa e da deturpação cultural da sociedade, assim como da baixíssima intelectualidade e conhecimento básico do nosso povo, as pessoas caem num mundo onde elas podem ao mesmo tempo condenar, agredir e se sentirem válidas nisso. OS elementos para a explicação deste fenômeno social estão em Foulcault e Arendt, tanto nos conceitos de "normalidade" quanto nas "validações da maldade" que é a "banalidade do mal".
As pessoas são burras, a real é esta. Mal instruídas, e quando se é assim é fácil escolher acreditar no que é confortável, e é confortável dizer que não tem preconceito e jogar a explicação para o gosto, ou para "instinto de proteção". É confortável se entender "não homofóbico" e agredir um gay por ser gay, pois como há uma validação da violência aos gays por moral religiosa (ao os considerar pecadores - e pecadores são para ser punidos - então se pode punir em nome do "bem" e não sentir culpa). Surge o discurso de "proteção da maldade" (acho que estou cunhando isso agora) onde onde os defensores da moral que valida o mal passam a jogar para o indivíduo agressor toda a responsabilidade. Mas ai tem Kant nos lembrando que o indivíduo nada mais é que a educação fez dele (99% dos casos) e o ciclo se perpetua.
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- Líryan Umbria (liryan)
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Atualmente tem acontecido uma votação para tornar crime as agressões à pessoas da comunidade LGBTI, nosso país macro é, segundo estatística de algumas ongs internacionais, o país mais violento para esta comunidade, no mundo! É o pais que mais mata e mais registra agressões a LGBTI´s, no mundo! Diante dos dados absurdos de violência e da total incapacidade do Estado em assegurar a integridade desta população alguns países começaram a aceitar asilo de pessoas inseridas neste nicho social. Por aqui, uma morosa relativa votação para tornar crime as agressões existentes vem causando certo “tumulto” e dividindo opiniões na comunidade.
Assim, nosso periódico entra em contato com a advogada Antonella Menucci Umbrio, por meio de seu escritório, Menucci & Mompeam: Advocacia e Exportação, e traz esclarecimentos sobre a questão.
1: A votação da criminalização da violência contra LGBTI´s ainda está em aberta, enquanto ela não se efetiva a aprovação por votos tem algum valor? Ou seja, uma pessoa LGBTI hoje poderia recorrer a esta aprovação?
Antonella: De fato uma lei só passa a ter efeito depois de todo tramite legislativo, ou seja: casa inciadora, casa revisora e por fim a sanção ou veto presidencial. Antes disto, ou seja, da sanção e publicação da lei, julgamentos se dão com interpretações da legislação existente e comumente usando como base casos semelhantes que foram julgados anteriormente. Tenho que ressaltar, contudo, que o fato de ela vir a discussão no plenário é algo muito significativo, neste ponto valem a pressão popular e os movimentos para procurar incentivar os parlamentares a discutir com mais energia a matéria.
2: Caso os Deputados aprovem, antes ou depois, do fechamento da votação, uma Lei que criminalize a violência contra LGBTI´s mas com ressalvas à religiosidade, como fica a situação?
Antonella: Questões ideológicas estão sempre em jogo no processo legislativo, faz parte do processo democrático. Quando falamos de uma matéria como esta, tocamos numa discussão que envolve alguns dos aspectos mais complexos do ser humano: sua identidade e sexualidade. Naturalmente isto gerará controvérsias por partes de grupos ideologicamente opostos, por exemplo os religiosos e os ativistas sociais. Em meio a este conflito de compreensões, que faz parte do processo legislativo e ao mesmo tempo tende sempre ao desequilíbrio, entra o papel do STF. Como guardião da constituição, cabe a ele perceber quando uma lei entra em conflito com a constituição e fere direito fundamentais garantidos, devendo intervir no processo legislativo, interferindo, inclusive, na sanção presidencial.
3: A aprovação de uma lei desta natureza não modifica em si a violência social, mas permite a punir. Porém, isso dependeria de efetivação de um processo, neste caso o juiz que julga um processo, por exemplo, por homofobia, pode entender que “não houve homofobia”?
Antonella: Desde os primórdios da civilização humana, os conflitos fazem parte da vida em sociedade e, infelizmente, os preconceitos e injustiças. Para isso criaram-se conjuntos de regras e normas para cercear o comportamento humano, o que chamamos hoje de leis. Pensadores como Maquiavel defenderam que o homem só tem um comportamento justo se for obrigado a tê-lo, por meio de leis e a premissa de sanções no caso de desrespeito a elas. De fato o processo legislativo é uma constante neste sentido, sempre tentando prever novas barreiras para impedir injustiças. Quando não existem leis específicas, como citei na primeira pergunta, em geral os magistrados se valem da utilização de outros julgamentos, de casos semelhantes, como base para tomar suas decisões, ou mesmo das Sumulas Vinculantes do STF.
4: Muitas pessoas da comunidade LGBTI andam comemorando a votação, mas, faz algum sentido comemorar os votos neste contexto em que vivemos, a partir de uma visão jurídica?
Antonella: Essa comemoração tem seu valor no sentido de que o simples fato de a matéria estar sendo apreciada, de estarem sendo feitas votações, é um sinal de que a questão que motiva a lei, no caso a violência contra LGBT's, está cada vez mais sendo percebida e criticada dentro da sociedade, o que gera nos parlamentares e magistrados o impulso a tentar lidar com a questão. Efetivamente, uma lei só passa a ser valida quando transcorre todo o processo legislativo, que citei na primeira resposta, e é então sancionada pelo Presidente da República.
5: O STF tem feito votações às “prestações”, isso é comum ou é algo que chama atenção neste caso?
Antonella: Infelizmente não há um parâmetro de tempo, a justiça se dá de maneira bastante relativa, fatores como a pressão da sociedade, a exposição midiática, interesses político, tudo influencia, torando os ministros mais cautelosos em seus posicionamentos. De fato a decisão do STF não tem o poder de ler, sua apreciação será convertida em uma Sumula Vinculante que será uma forte influência para decisões tomadas por todos os magistrados em nível nacional, até que de fato exista uma lei publicada.
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