AAH - Clube de Debate Político

Caro Valdinei,


Concordo com contigo, muitas vezes me levei pelas emoções do que pela razão e fugi do dialogo, mas vamos aprendendo.


Abraços,

Augusto Rei Fernando,

Enquanto eu digitava minha última fala, você postou a sua. por isso vou tentar comentar as suas duas de uma vez.

É bom saber que há entre nós outro parlamentarista, quem sabe também monarquista...
Sobre a saída da Dilma, não me vejo em condições éticas para comentar pois na minha opinião ela nem deveria ter entrado. Desta forma, não posso comentar a governabilidade, apenas o mérito da acusação que lhe foi imputada. Qualquer observação que se faça sobre o crime de responsabilidade cometido por Dilma não a exime de culpa, muito embora não seja ela a única a ser culpada. Entretanto, não podemos deixar de prender um ladrão pelo simples motivo de haver outros ladrões que não foram presos. Creio que para alguns, não para Vossa Majestade, seja necessário que eu diga que usei o exemplo do ladrão aleatoriamente, sem necessariamente, nenhuma ligação com a Dilma.

Sobre Cunha, não me interessa defendê-lo, mas a sua participação no processo de afastamento é simplesmente a de um delegado. Ao receber uma denúncia com elementos suficientes, ele não poderia ter outra atitude senão a que foi adotada. Uma postura que, se não fosse tomada seria sim um grande escândalo. Infelizmente, para alguns políticos, a lealdade à companheirada vale mais do que o dever à pátria.

Sobre Barbosa cabe o mesmo que ao Cunha, se os motivos da sua nomeação foram fúteis e levianos, isso revela a futilidade e leviandade dos então detentores do poder. Aliás, é lamentável a nomeação política dos agentes da Suprema Côrte. Neste caso também, é importante notar que a estratégia de defesa não era comprovar inocência, mas desmerecer o juiz e a acusação. No fim fizeram até vaquinha para beneficiar o apenado.

Sérgio Moro se arriscou muito trazendo a público aquelas gravações que, se não são úteis ao processo, tem grande valor de utilidade pública. As gravações revelaram como se portam as pessoas em quem nosso povo deposita confiança, os dirigentes da nação, sua visão sobre as leis, o povo, as instituições... Caso aquelas gravações não fossem reveladas, a lava-jato poderia perder força e o que chamam de espetáculo é, na verdade a garantia de que, com o apoio da opinião pública, não se transformem em pizza. O PT já percebeu isso e, mais uma vez orienta sua estratégia de defesa não no centro das acusações mas na desmoralização de seus acusadores e juízes.

Por último, eu realmente não acredito que esses líderes de esquerda queiram realmente que todos tenham os mesmos privilégios. Na verdade, o Lula já falava sobre isso sobre o governo de um partido ligado ao Foro de São Paulo pelos ideias socialistas. Ele dizia que dar dinheiro e comida era uma forma de manter o povo preso, escravo e ao mesmo tempo grato. Mas isso é um tema que podemos abrir melhor futuramente.

Obrigado pelo papo. É revigorante respirar esse ar puro.

Continuando o diálogo (sim, ainda vejo como diálogo. Não vi ânimos exaltados nem nada parecido)

"Sobre a saída da Dilma, não me vejo em condições éticas para comentar pois na minha opinião ela nem deveria ter entrado. Desta forma, não posso comentar a governabilidade, apenas o mérito da acusação que lhe foi imputada."

Sobre o mérito da acusação, que é o da "pedalada", a revolta reside em duas partes: 1º porque Dilma não foi a primeira governante a praticar tais atos. E se indignar com o que ela praticou e não se indignar com o que os outros praticaram é uma revolta seletiva totalmente política, beirando a hipocrisia (antes que se elevem os ânimos, não estou chamando ninguém aqui de hipócrita, calma). O fato do relator do processo, Senador Anastasia, ter cometido o mesmo ato já mostra claramente o vício da acusação.
A 2ª parte da revolta reside justamente no fato de que NENHUM senador julgou o mérito da acusação. O próprio Senador do PDT (esqueci o nome, depois pesquiso) disse com todas as letras que eles estavam convictos que Dilma não cometeu pedalada. Mas é aquele negócio, o julgamento foi feito por políticos e não por juristas, não podia se esperar outra coisa.

Sobre Cunha, não me interessa defendê-lo, mas a sua participação no processo de afastamento é simplesmente a de um delegado. Ao receber uma denúncia com elementos suficientes, ele não poderia ter outra atitude senão a que foi adotada.

Sobre Cunha, a revolta é justamente pelo fato dele aceitar uma denúncia 1 DIA APÓS saber que o PT não o apoiaria no processo de cassação. Pelo menos pra mim me causa profunda estranheza 4 denuncias não ter elementos suficientes a ponto dele recusar, mas quando sumiu o apoio ele enxergou os elementos. Agiu como delegado do processo? Agiu, nisso eu concordo. O que eu quero apontar é que ele usou essas atribuições apenas como vingança à falta de apoio. Em nenhum momento considero o Impeachtment como um golpe, já que ele é previso na constituição e oferece chance de defesa. Mas a forma como ele se deu, juntando-se ao fato de um partido da base do governo se juntar a um da oposição apenas para chegar ao poder, é inegável que foi um golpe.

Sobre Barbosa cabe o mesmo que ao Cunha, se os motivos da sua nomeação foram fúteis e levianos, isso revela a futilidade e leviandade dos então detentores do poder. Aliás, é lamentável a nomeação política dos agentes da Suprema Côrte.

Concordo em gênero, número e grau. Se queremos a separação e a independência total dos poderes, não poderia haver artifícios como esse.

Sérgio Moro se arriscou muito trazendo a público aquelas gravações que, se não são úteis ao processo, tem grande valor de utilidade pública.

Concordo também que tem grande valor de utilidade pública. Mas então que se divulgue (ou que se retire o sigilo) as escutas telefônicas de TODOS OS CITADOS em qualquer uma das fases da lava-jato. Há de se concordar que tem grande valor de utilidade pública, não é? Eu, por exemplo, quero saber o que Aécio, Fernando Henrique, Cunha, Temer e etc. conversaram por telefone assim que receberam a notícia de que foram citados.

Enfim, sei que dificilmente vai mudar a opinião de alguém que já tenha suas convicções, já que a política é uma fé cega. Mas gosto desse espaço porque aqui vejo opiniões diferentes sem aquela guerra de coxinhas x mortadelas.

Att,

Seguimos nessa expectativa. De que não haja mais sombras e que todos os corruptos sejam indiciados, julgados e condenados. Mesmo os que roubam mas fazem. Todos eles que não cumprem seu dever legal. Todos os que usam seus cargos para benefícios ilícitos. Todos que deixam de fazer aquilo que lhes é devido. Enfim, a guerra contra a corrupção está só no começo e o fato de estarmos aqui falando abertamente sobre isso já é em si uma batalha vencida. O afastamento de Dilma, a cassação de Cunha, o indiciamento de Lula a guerra interna nessa quadrilha só fortalecem as instituições e o apoio popular é fundamental.

Logo logo eles começam a se delatar e vamos, eu espero, tratar igualmente quem desvia milhões e quem desvia centavos. O Brasil está mudando e não há ninguém acima da lei.

Miguel,

"Enfim, sei que dificilmente vai mudar a opinião de alguém que já tenha suas convicções, já que a política é uma fé cega. Mas gosto desse espaço porque aqui vejo opiniões diferentes sem aquela guerra de coxinhas x mortadelas."

Certa ocasião eu assistia ao Abujamra enquanto ele entrevistava um fervoroso fundamentalista religioso (pleonasmos propositais para ênfase, licença poética). E entre o fervor do homem e suas falas absurdas sobre como gostaria de matar todos os que pensam diferente dele, Abujamra olhava para câmera e rindo dizia ao telespectador: "você já se imaginou conhecendo uma pessoa assim?"

Não me parece que o fanático estava a entender a situação ali... E em algum momento da entrevista Abujamra soltou "não se discute com quem tem paixão".

Não vou culpar a paixão, propriamente dita, mas uma desvirtuação da paixão que culmina com a "fé cega" e que leva o homem ao fundamentalismo fervoroso. Que vemos na política, na religião, no futebol, nas fobias sociais, no pensamento medieval... Enfim, o problema não é o objeto foco ou atingido e sim um princípio: o de o homem ser sucessível a um pensamento fundamentalista que o domina e o faz cego perante todo o resto. Ou seja, uma perda da ração em função de uma "paixão exacerbada".

Abujamra resolve parte da situação ao alegar que "não se discute com quem tem paixão", mas por que motivo? Oras, porquê uma pessoa neste ponto citado abdicou da razão e quem abdica da razão não é capaz de ouvir e segue cegamente as "vozes em sua cabeça". É onde precisamos começar a ver estas coisas, estas atitudes, como elementos psíquicos a serem tratados, sim, com terapias em psiquiatras, e terapeutas e filosofia clínica e terapêutica (para fortalecimento da razão) e psicólogos... E até internação, pois um sujeito fervoroso por um time de futebol coloca a si mesmo e a sociedade à sua volta em perigo.

Então, nos é preciso dialogar sobre a sanidade e a saúde mental.